Segundo Antunes, na entrevista a seguir, concedida por telefone à IHU On-Line, embora alguns pesquisadores vejam essa reconfiguração do trabalho como positiva, ela não deu origem a um “assalariamento de classe média”. Ao contrário, frisa, “o trabalho intermitente burla a legislação protetora do trabalho”. E adverte: “Mesmo quando se diz — no caso brasileiro — que ele contempla os direitos do trabalho, de fato é um falseamento, porque é possível rebaixar a hora de pagamento, embutir dentro dela 13º, férias e tudo o que puder ser embutido, mas no fundo está se pagando um salário péssimo e o(a) trabalhador(a) fica à disposição”.
Antunes também reflete sobre as implicações da chamada revolução 4.0 no mundo do trabalho e relata sua recente experiência com jovens europeus que, apesar da formação universitária, não têm expectativa de emprego. “Existe na Europa uma juventude que fez graduação e pós-graduação, mas quando esses jovens conseguem emprego, é para trabalhar em hotéis e restaurantes, ou seja, são trabalhos para os quais eles não precisariam ser engenheiros, economistas, administradores ou qualquer profissão desse tipo”. E lamenta: “A indústria '4.0' aqui terá uma consequência ainda mais grave de desemprego para os assalariados, porque cada vez que se for digitalizar um processo ou criar um fluxo movido pela lógica digital, serão desempregados aqueles trabalhadores que faziam essa atividade”.
Leia a entrevista a seguir:
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O proletário digital na era da reestruturação permanente do capital. Entrevista especial com Ricardo Antunes
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